Portugal foi país mediterrânico que mais evoluiu em TI em 2006

«Dentro dos países europeus há que destacar o importante desenvolvimento de Portugal neste último ano, superior a 200%, que lhe permitiu alcançar uma taxa de penetração que supera países europeus como a Dinamarca e Luxemburgo», refere o último estudo da Fundação Orange, que apesar de se destinar a avaliar a situação em Espanha faz um balanço do sector das tecnologias da Informação na Europa e no Mundo.

O relatório, apresentado a poucos dias da reunião informal de Ministros da Competitividade (Ciência), que decorrerá quinta e sexta-feira em Lisboa, indica que graças aos 22 milhões de novos usuários da Internet que surgiram no ano passado na Europa, no ínicio deste ano 312,7 milhões de europeus já tinham acesso àquela tecnologia.

De acordo com o documento realizado pela fundação do Grupo France Telecom, Portugal foi o país mediterrânico «onde se notou um avanço considerável na maioria dos indicadores», ao passo que Itália e Espanha «ainda têm um longo caminho a percorrer para alcançar a convergência com os países mais avançados da região».

O estudo indica, citando dados do site Internet World Stats, que Portugal registou no ano passado uma taxa de penetração de Internet (percentagem da população que usa Internet) de 73,8%, ou seja que mais de 7,7 milhões de utilizadores usam este recurso.

Este valor no entanto é muito superior aos mais recentes dados sobre utilização de Internet em Portugal divulgados pela União Europeia ou revelados por inquéritos de utilização feitos junto da população portuguesa.

Em Março, a UE indicava que a percentagem de utilizadores de Internet em Portugal em 2006 era de 31,4%, enquanto o mais recente inquérito Bareme Internet, também relativo ao ano passado, contabilizava 3,622 milhões de indivíduos utilizadores regulares, um valor que representa 43,6% do universo composto pelos residentes em Portugal Continental com mais de 15 anos.

Por outro lado, diz o estudo da Fundação Orange, se no ano passado Portugal se situava abaixo da média tanto em serviços ao cidadão como a empresas, este ano já se encontra ao nível da Irlanda, Finlândia, França, Áustria, Suécia e Dinamarca.

Entre os indicadores positivos surge a crescente importância da língua portuguesa na internet: «o português começa a despontar, em parte graças ao papel dos brasileiros», refere o estudo lembrando que «o inglês continua a ser o idioma mais forte, com mais de 327 milhões de usuários».

Mas continuam a existir itens em que Portugal continua a permanecer no final da lista, como por exemplo quando se analisa o número de empresas que criaram páginas web.

«A nível internacional, mais de duas em cada três empresas da União Europeia com acesso à Internet dispõem de página web», com a Suécia e a Dinamarca nas posições líderes da UE. Em Portugal, apenas 45% das empresas aderiu a esta forma de comunicação.

Também no que toca à percentagem de indivíduos que realizaram cursos de informática no ano passado, Portugal fica no fim da tabela dos países europeus, com apenas 8% dos portugueses a frequentarem cursos de formação.

Curiosa é a elevada percentagem de lusos que usaram a net para pesquisar questões relacionadas com saúde: 39%, dois pontos percentuais acima da média europeia, onde se situam apenas nove países.

Também a procura de emprego online coloca os portugueses ao lado dos austríacos, com 14% do total da população a tentar arranjar trabalho através deste meio. Apenas a França, Chipre, Irlanda e Republica Checa ficam abaixo de Portugal.

O que ainda não parece ter convencido os portugueses foram as compras online, já que este ano apenas 1,96% dos usuários aderiu a esta forma de adquirir bens. Pouco mais de 300 euros é o que gastam em média os portugueses que decidem fazer compras em frente ao computador.

Outro dos items analisado no relatório tem a ver com as patentes na área das tecnologias de informação e comunicação (TIC) que, segundo a Fundação Orange, «podem ser um bom indicador da inovação».

«A União Europeia gera uma percentagem de patentes similar aos Estados Unidos e acima do Japão, mas existe uma grande assimetria na contribuição dos diferentes países, sendo os países tradicionalmente mais evoluídos como a Alemanha, o Reino Unido e a França os maiores criadores de patentes», refere o documento.

Dos países analisados, os Estados Unidos, Estónia, Finlândia, Holanda, Irlanda, Japão e Lituania são os mais especializados em patentes TIC, sendo que Espanha, Itália, Portugal e República Checa aparecem no fim da lista. Portugal surge neste ranking com uma simbólica contribuição de 0,02%.

A forte implementação do telemóvel em detrimento do telefone fixo também é estudada neste relatório, que aponta 2006 como o ano em que o telemóvel se consolidou frente ao fixo e também o ano de arranque da Terceira Geração (3G), que veio abrir novas possibilidades, como a oferta de serviços e conteúdos de Internet.

«Nos países menos desenvolvidos o telemóvel foi, de todas as TIC, a que mais contribuiu para a diminuição da brecha digital, representando uma via de acesso importante à Sociedade de Informação», afirma a Fundação.

A Fundação Orange tem por «objectivo contribuir para o desenvolvimento da Sociedade de Informação em Espanha, em beneficio dos cidadãos, empresas e instituições,(...) publicando estudos, relatórios e livros sobre os diferentes aspectos de desenvolvimento da Sociedade de Informação», refere o site oficial desta instituição do Grupo France Telecom.

2007-07-18




  Valid XHTML 1.0 Transitional

Get Firefox!